Para
marcar os 50 anos de resistência ao golpe civil-militar no Brasil, o Levante
Popular da Juventude Capixaba realizou na manhã desta terça feira um escracho
na garagem da empresa Itapemirim, de propriedade do deputado Camilo Cola. A
manifestação contou com cerca de 30 militantes do Levante Popular da Juventude,
da Marcha Mundial das Mulheres e do Coletivo Kizomba.
O Levante Popular da Juventude vem realizando
desde 2012 diversas manifestações de escracho, porém será
a primeira vez que uma ação dessa natureza será realizada no Espírito Santo. Camilo Cola não atuava como
militar durante a ditadura, mas contribuiu com o regime financiando-o. Além disso, tinha grande poder
de influência em grupos de extermínio liderados pelos militares. Segundo
Cláudio Guerra, ex delegado do DOPS no livro “Memórias de uma guerra suja”,
Camilo Cola é apontado como responsável pela morte do jornalista José Roberto
Jeveaux, dono do jornal ' O Povão'. Seu corpo até hoje não foi encontrado.
A
atividade, representa uma forma de denúncia e lembrança de todos os crimes
cometidos durante a ditadura militar que ainda estão impunes e invisibilizados
na história do Brasil.
O
Levante Capixaba reivindica que Camilo Cola deponha no Ministério Público e na
ALES, colaborando assim com a apuração de diversos crimes cometidos durante a
ditadura que vem sendo investigados.
Cai um ditador
No final da manhã de hoje a reitoria da Ufes
realizou uma sessão solene para renomear a sala de reuniões dos conselhos
superiores da universidade, que até então homenageava o presidente-ditador Mal.
Humberto Castello Branco. Na atividade, que foi uma recomendação da comissão da
verdade da Ufes, a placa que citava Castello Branco foi substituída por uma em
homenagem aos estudantes dessa instituição que foram perseguidos e lutaram
contra o regime militar.
De
acordo com notícia publicada no portal da Ufes, “foi realizada uma posse simbólica do reitor Manoel Xavier
Paes Barreto Filho, empossado em 1963 e exonerado logo após o golpe militar, em
abril de 1964”.
Ultimato
nas instâncias de poder
Ainda
nessa manhã, o Fórum Memória Verdade e Justiça do ES, juntamente com o Levante
Popular da Juventude Capixaba, protocolaram ofícios na Assembleia Legislativa e
no Ministério Público. Os documentos reivindicam a convocação do deputado
Camilo Cola para depor em ambas instâncias a fim de elucidar sua relação com o
regime militar, e responder as denúncias feitas no livro “Memórias de uma Guerra Suja”. Os ofícios foram entregues ao presidente
e ao relator da Comissão da Verdade da Assembléia Legislativa, Dr. Hércules e Cláudio Vereza,
respectivamente.
Na Câmara
de Vereadores de Vitória, foi protocolado um ofício solicitando alteração de
nomes de cinco escolas municipais que homenageiam torturadores agentes da
ditadura.
Lembrar
para não repetir
As atividades do dia foram encerradas com um
ato realizado pelo Fórum Memória Verdade e Justiça do ES na praça Costa
Pereira, localizada no Centro de Vitória. O Levante Popular da Juventude compôs
a atividade, juntamente com outras 20 entidades ali representadas.
Aproximadamente 80 pessoas participaram da manifestação, que trouxe a tona
nosso passado recente, e fomentou nossa indignação e força para seguir na luta
em busca de um futuro justo e livre de qualquer forma de opressão.
Não esqueceremos, nem descansaremos!
Levante-se por memória, verdade e justiça!
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