A data 28 de Maio foi definida no IV Encontro
Internacional Mulher e Saúde que ocorreu em 1984, na Holanda, durante o
Tribunal Internacional de Denúncia e Violação dos Direitos Reprodutivos. Indubitavelmente
sua origem advém de duas décadas de mobilizações do movimento de mulheres, para
tornar visível uma questão presente na realidade das mulheres mundialmente: a
mortalidade materna. Estatísticas
revelam que o número de mortes de mães é alto e a situação é preocupante
principalmente entre as mulheres negras e aquelas que residem nas regiões Norte
e Nordeste. Contudo, os índices não proporcionam a real dimensão do problema, porque
muitas mortes maternas não são declaradas com atestado de óbito. A morte
materna é um grave problema de saúde pública, que se relaciona a qualidade
técnica das políticas ofertadas em pré-natal, parto e puerpério e evidencia as
desigualdades sociais, de gênero e raça.
O cerceamento da cidadania proposto pela legislação restritiva ao livre
exercício da sexualidade e reprodução induz à gestação forçada e indesejada,
constituindo-se numa violação aos direitos humanos. Segundo o Ministério da
Saúde, as complicações em decorrência do aborto são responsáveis por 11% a 13%
dos óbitos maternos registrados anualmente no País. O aborto induzido é a
quarta causa da mortalidade materna, superada pela hipertensão arterial,
hemorragias e infecções pós-parto, mas em algumas capitais, como Salvador/BA, o
problema é a principal causa da mortalidade materna.
A SAÚDE DA MULHER INTEGRA O PROJETO
POPULAR!
Desse modo, nós, jovens mulheres do Levante Popular da
Juventude capixaba, comprometidas com um projeto popular e feminista, também
nos comprometemos a pensar sobre essa importante data e as demais questões que
afetam a saúde das mulheres. Como primeiro passo, no dia 28, nos encontramos no
Parque da Cebola, em Vitória, para refletirmos sobre nós, mulheres. Para isso, precisávamos nos
reconhecer como as várias mulheres que somos, já que
nossa história tem a tudo a ver com nossa saúde.
O que tem causado doenças/dores nas mulheres? Como lidamos
com essa questão na realidade em que estamos inseridas, isto é, no trabalho de
base? Cuidamos da nossa saúde? E da saúde das companheiras/os que estão ao
nosso lado? O que precisamos refletir, denunciar e agir sobre a saúde das
mulheres?
Questões como esta, através de objetos pessoais (fotos,
livros...) de cada mulher, nortearam a nossa noite. Percebemos que mesmo
diferentes nos encontramos também uma nas outras.
Somos bebês, meninas, jovens, mães, trabalhadoras, estudantes, negras, do
campo, da periferia, nas filas do
hospital... Somos intensamente mulheres no infinitivo.
O QUE DEFENDEMOS?
Implementação
do SUS, com a participação popular; Construção e implementação de centros (espaços) de terapias alternativas;
Implementação da Política de Atenção Integral a Saúde da Mulher; Política de
Plantas Medicinais; Retomada dos saberes populares em saúde; Formação e
capacitação de multiplicadores/as em saúde comunitária; Fiscalização, controle
e combate ao uso indiscriminado de agrotóxicos (pois o leite materno está
contaminado por agrotóxicos e provoca infertilidade aos homens e abortos
espontâneos em mulheres); descriminalização do aborto.
E
outras pautas que ainda sonharemos e construiremos juntamente com as outras
mulheres ao longo de nossa história, que só está começando...
Comentários
Postar um comentário